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Orientações e cuidados para a dessecação em soja

Publicado em: 18 de março de 2022
Categorias: Notícias

A safra de soja 2021/2022, no estado do Rio Grande do Sul, está com uma área de 6.279,2 milhões de hectares de soja, conforme dados do 4º levantamento apurado pela Conab. Estamos passando por um ano de estiagem muito forte e com ondas de calor assustadoras.

No campo, alguns produtores não conseguiram concluir o plantio da soja, enquanto outros tiveram que replantar muitas áreas que ainda não ficaram com o stand de plantas desejável para a cultura. Estamos com chuvas desuniformes no estado, o que traz muita preocupação. As lavouras devem ter uma maturação desuniforme, além da presença de plantas daninhas, cujo controle não foi bom em virtude do clima.

A colheita é um dos momentos mais esperados no cultivo da soja, “o fim de um ciclo”, entretanto, em virtude de condições ambientais e genéticas, em algumas situações é possível observar desuniformidade das plantas no momento da colheita, implicando em menor qualidade da produção e valor comercial dos grãos ou sementes.

Uma das alternativas para contornar esse problema é a dessecação em pré-colheita da soja. Esta prática é utilizada principalmente quando o objetivo do cultivo é a produção de sementes, para maior uniformidade. Aliado a isso, a dessecação em pré-colheita possibilita o controle de plantas daninhas e a antecipação da colheita da soja, sendo uma interessante ferramenta para o manejo de sistema.

Contudo, além da escolha do produto a ser utilizado para a dessecação da soja, é necessário definir o momento de dessecação para evitar reduções na produtividade. Ao se tratar especialmente da produção de sementes é preciso ficar atento para não haver reduções da qualidade, alterando atributos fisiológicos das sementes, como germinação e vigor. Segundo Lamego et al. (2013), a dessecação em pré-colheita da soja, quando realizada em estádios inadequados, pode resultar em reduções da produtividade de até 35% em comparação a soja não dessecada. Com isso em vista, fica evidente a importância da definição do momento de dessecação da soja para evitar perdas produtivas e qualitativas.

Mas quando dessecar a soja?

Tecnicamente, no estádio R7, conforme a escala fenológica de Fehr & Caviness (1977), a soja atinge o início da maturação fisiológica, estádio popularmente conhecido como maturação fisiológica da soja. Segundo Zanon et al. (2018), nesse estádio a soja apresenta legumes de coloração madura na haste principal.

Figura 1. Soja em R7.
Figura 2. Ilustração planta de soja em R7. Fonte: IPNI.

Neste período, ocorre o máximo acúmulo de matéria seca nos grãos, sendo assim, a planta não absorve mais água e nutrientes (Zanon et al., 2018). Na maturação fisiológica os grãos ou sementes já não apresentam ligação com a planta mãe, dessa forma, não ocorre a translocação de água, fotoassimilados e/ou defensivos para eles. Sendo assim, há uma redução de riscos possibilitando com que não haja perdas quantitativas e qualitativas significativas, portanto, R7 é o estádio indicado para dessecação em pré-colheita da soja.

Cabe destacar que independente do produto utilizado, quando realizada antes de R7, a dessecação em pré-colheita da soja pode resultar em danos à produção. Tanto o Diquat quanto o Glufosinato de amônio são ótimas alternativas para substituir o paraquat nessa tarefa, entretanto, ambos apresentam suas características e particularidades, sendo assim, deve-se analisar a lavoura de forma técnica para definir a melhor opção, uma vez que além de antecipar o ciclo da soja e uniformizar a lavoura, a dessecação em pré-semeadura permite o controle de plantas daninhas.

Em função dessa desuniformidade de chuvas no estado, vamos ter diversas situações no campo de maturação da soja e dúvidas quanto ao manejo. Nesse caso, o produtor deve procurar a orientação técnica, junto ao nosso departamento técnico da Cotribá, para avaliarmos a viabilidade desse manejo no campo.

Texto: Fernando Müller | Coordenador Regional Norte

Foto capa: Breno Lobato/Divulgação Embrapa


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